REVISTA ZONA DE IMPACTO. ISSN 1982-9108, VOL. 11, JAN-JUN, ANO XI, 2009.
Resumo: Este artigo tem por finalidade expor o transporte, as conversões energéticas, os seus usos e as relações de mercado, como estas são compreendidas como fatores estruturantes da sociedade, influenciando os aspectos sociais, econômicos, políticos e ambientais. A teoria da dependência é fundamental nessa discussão. A energia e toda a sua cadeia são produtos vinculados ao mercado internacional, com significativa concentração e influência econômica, decorrentes, do tamanho e do pequeno número de empresas proprietárias da fonte, da transformação, dos estudos e das metodologias de prospecção e da comercialização. E o desenvolvimento nomeado como Sustentável e compreendido como atendimento às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras.
Palavras-chave: Transporte, Energias, Dependência e Sociedade.
Abstract: this article has for purpose to expose the transport, the energy conversions, your uses and the market relationships, as these are understood as factors estruturantes of the society, influencing the aspects social, economical, political and you adapt. The theory of the dependence is fundamental in that discussion. The energy and all your chain are products linked to the international market, with significant concentration and influence economical, current, of the size and of the small number of companies landladies of the source, of the transformation, of the studies and of the search methodologies and of the commercialization. And the nominated development as Maintainable and understood as attendance to the environmental needs and of development of the present and future generations.
Key-words: Transport, Energies, Dependence and Society.
|
Térmico (%) |
Descentralizado (%) |
Centralizado (%) |
1999 |
41,6 |
27,1 |
72,7 |
2002 |
48,2 |
24,1 |
75,7 |
Futuro |
67,2 |
15,2 |
84,8 |
Fonte: Ceron, 2002
|
0-10% |
11-20% |
21-30% |
31-40% |
41-50% |
51-60% |
Acima de 61% |
Num. de cidades |
22 |
09 |
07 |
07 |
03 |
02 |
02 |
Fonte: IBGE,2002
Evento |
Descrição |
Proponente |
0 |
gasoduto Urucu-Porto Velho |
Petrobrás |
1 |
duas UHE no Rio Madeira totalizando 7000 MW |
Furnas |
2 |
UHE JI-Paraná com 512 MW |
Eletronorte |
3 |
linha de transmissão (LT) PVH-AC com 550 km |
Eletronorte |
4 |
gasoduto Camiséa no Peru para o Brasil |
Britsh Petroleum |
5 |
o gasoduto Urucú- Porto Velho- Cáceres |
Petrobrás |
6 |
LT Vilhena- Mato Grosso com interligação ao SIN* |
Eletronorte |
7 |
Geração de energia elétrica em Rio Branco |
Outro PIE |
Fonte: Moret, 2003-elaborado para esse texto;* Sistema Interligado Nacional
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1.Essa concepção de dependência se agudiza quanto maior a distância entre os centros produtores e os consumidores, como exemplo em localidades distantes, pouco populosas e baixa produção.
2. Motor, equipamentos elétricos, fogão, televisão, moto-serra, moto-bombas.
3. Os empreendimentos mais recentes, e não menos impactantes, têm como referência o Plano Avança Brasil do Governo Federal, no qual grandes obras estão sendo planejadas e algumas já operando. Um estudo recente do INPA (Instituto de Pesquisas da Amazônia) mostrou que se esses empreendimentos se concretizarem os danos ambientais e sociais na Amazônia serão significativos, culminando em desmatamento resultante de aberturas de estradas, aumento da área destinada à soja e à pecuária e outros.
4. Usinas hidrelétricas de Tucuruí, de Samuel, de Balbina com alagamento de grandes áreas e deslocamento de contingente populacional tradicional e indígena, o Projeto Jari, produzindo danos ecológicos, culturais e econômicos sem precedentes. O mais grave é que a justificativa para tais empreendimentos é de que muitos serão beneficiados em detrimento de poucos.
Grandes estruturas viárias foram construídas para ”integrar para não entregar” ocasionando danos significativos e duradouros ao meio ambiente e para aqueles que lá viviam. Por outro lado, uma parte dos que se deslocaram para essas localidades foram abandonados a sua própria sorte.
Graves, também, são as ameaças que os agentes das empresas fazem ao justificar um determinado empreendimento, pois se assim não for, outro pior poderá ser construído; no caso do Estado de Rondônia, qualquer empreendimento energético que é questionado, como os PIEs operando com óleo Diesel, os agentes justificam-no que se não se realizar a UHE Ji-Paraná poderá ser revigorada.
5. Entende-se que esses empreendimentos podem causar danos sociais, ambientais e culturais significativos, aumentando a leva de migrantes para as cidades contribuindo para a favelização, aumentando os sem terra, os sem teto e os excluídos socialmente.
6. Há modificações significativas na geração de energia elétrica, pois segundo o modelo ainda em vigência, o Estado (a empresas estatais federais e estaduais) não podem mais aumentar a oferta de eletricidade, se criando assim a figura do PIE- Produtor Independente de Eletricidade, que normalmente são grandes empresas de capital internacional que desejam aumentar sua participação num mercado crescente e atrativo, pois os contratos são sobremaneira benéficos a esses. Essa mudança tem trazido grandes problemas de ordem ambiental, pois essas não atendem plenamente as legislações ambientais. Em Rondônia a instalação de um PIE em 2000 não obedeceu a legislação ambiental, não obtendo no prazo as licenças e em poucas semanas em operação derramou uma quantidade significativa de óleo num igarapé próximo da planta (MORET, 2001).
7. A opção por termeletricidade é baseada no gás natural por opção estratégica do governo, para a região amazônica foi baseada num acordo entre a Eletronorte (Empresa Federal responsável pela geração e transmissão na Amazônia) e a Petrobrás, no qual ficou acertado que não seria construída nenhuma média ou grande hidrelétrica na Amazônia unicamente para viabilizar mercado para esse combustível.
8. A área do empreendimento tem riqueza natural não mensurável e habitada por populações tradicionais e Índios. De forma que, esse mais uma vez (como aconteceu no passado com empreendimentos de infra-estrutura), pode representar uma reprodução do modelo já experimentado anteriormente na região com danos significativos ao meio ambiente e à sociedade, através da disponibilização de recursos naturais para exploração do capital.
9 Essa figura de linguagem representa as gerações e os atendimentos elétricos.
10. Uso dos resíduos de madeira (1997), que segundo a estimativa de Coelho et alli (2000) a energia gerada seria na faixa de 126,4 e 252,8 GWh/ano, dependente da eficiência (15 e 30%) e tecnologia.